E SE…?

O MEDO DE TER PERDIDO O VALOR

Muitos dos homens com quem tenho contactado, debatem-se em silêncio com o medo de não serem suficientes.

São executivos de topo, investigadores, directores ou gestores empresariais…homens que tomam diariamente decisões valiosas e impactantes , excelentes profissionais nas suas áreas, porém, quando chegam a casa a insegurança e o medo imperam!

Depois de vários anos de relacionamento com aquela que consideram ser a ‘mulher da sua vida’, começam a duvidar do seu desempenho.

Ao longo dos anos têm vindo a notar um afastamento cada vez maior, no que à intimidade diz respeito.

Eles são os primeiros a afastarem-se, discretamente, evitando partilhar momentos mais íntimos com as suas companheiras, com receio de ficar aquém das expectativas, ou de não conseguirem demonstrar o vigor que pensam ser por elas esperado.

Sentem que perderam qualidades e por isso deparam-se com o medo de não conseguir satisfazer a companheira como outrora tão bem o faziam.

Educados que foram para não mostrar as suas vulnerabilidades, não ousam abordar o assunto, optando por se tornar exímios em ‘manobras evasivas’.

Por trás das formatações que a educação ou a sociedade lhes proporcionou, há convicções muito enraizadas que não os permite vulnerabilizarem-se e assim estabelecer um diálogo saudável e enriquecedor com a companheira, por forma a perceberem o cada um sente e, em conjunto, encontrarem a forma de ultrapassar a situação.

Esta falta de comunicação e esta ‘vergonha’ que existe por se tratarem de assuntos para os homens considerados como ‘delicados’ e/ ou constrangedores, dá origem a que cada elemento do casal se ‘feche na sua concha’ e arquive estas questões classificando-as de ‘tabu’ evitando assim falar sobre isso.

Como consequência, cada um vai criando as suas histórias pessoais, paralelamente às justificações que vai fabricando na sua mente para determinados comportamentos e como suporte para o distanciamento que se vai manifestando e instalando entre ambos.

Tal como os homens, as mulheres também se debatem com uma dúvida semelhante, embora vestida com outras roupagens.

Assim, cada um passa a viver ‘dentro da sua mente’, debatendo-se com os seus fantasmas, sem nunca chegar a questionar ou a compreender a verdadeira razão que deu origem ao afastamento que estão a sentir e sem ousar dialogar ou mesmo questionar-se sobre isso, optando por desviar a atenção, focando-se em assuntos exteriores à intimidade.

Criam-se assim relações incompletas, em que o casal por vezes opta por viver a dois vidas separadas e/ou independentes, encontrado as mais variadas soluções para compensar o vazio emocional , sejam os programas com amigos, o desporto, as compras, as viagens fantásticas, a tecnologia…

Muitas vezes estas relações transformam-se em relações familiares muito cordiais, em que ambos se respeitam e se amam, mas … duma forma fraterna!

No entanto, quando ambos os elementos do casal estão dispostos a investir na recuperação da intimidade e a dialogar nesse sentido, procurando a pessoa certa para os ajudar, é possível não só descobrir e eliminar o que esteve por trás do afastamento, como reforçar os laços entre ambos, aumentando a autoestima individual e a cumplicidade da relação, o que irá fazer com que ambos voltem a sonhar juntos e recuperem o prazer de fazer coisas juntos, mais unidos do que alguma vez o foram!

E quando duas pessoas que se amam, sonham juntas, algo de maravilhoso acontece, pois passam a agir em conjunto e a ter prazer nas coisas mais mundanas, o que reforça a cumplicidade e dá origem a uma relação que proporcionará crescimento para ambos e que os preenche a cada momento, tornando-se pessoas que respeitam a sua individualidade e a individualidade do outro e que encontram espaço para viver a relação sem ter que se anular, ou que deixar de ser quem são!