MIGALHAS…

Sentindo a Dor do Crescimento

Diz um dos meus mestres, o mentor Eduardo Torgal, que ”não há crescimento sem dor e sem dúvida”.

Eu, pela experiência vivida, concordo plenamente.

À medida que vou aprofundando o ”estudo de mim”, atenta aos pensamentos, sentimentos, emoções (percebendo a ansiedade, o medo, o stress…), vou começando a conseguir identificar quando estou a ”descarrilar, ou seja, quando estou a fugir do meu centro, do meu equilíbrio.

Como é que conseguimos dar por isso, perguntar-me-ão?!

Efectivamente, como diz Christopher Heuertz,  ”quando estamos em queda, a última coisa em que reparamos é na queda”.

Para conseguir perceber que estamos a desintegrar-nos, (a caminho do nosso ”ponto de stress”), é necessário que já tenhamos efectuado algum trabalho interno.

Esse trabalho consiste em ‘estar em presença’ connosco, para nos permitirmos observar os pensamentos, sentir e perceber o aflorar das emoções. Não é fácil e é algo que teremos que praticar com persistência.

No meu caso, já aprendi a identificar quais os gatilhos que me alertam para o facto de estar a ”cair” (em desequilíbrio).

Quando começo a sentir-me a implicar com certas coisas, é sinal que não ando bem: algo me está a perturbar o equilíbrio.

Quando as migalhas na bancada, o chuveiro torcido na casa de banho, ou as manchas de água no chão parecem gritar para mim e sinto subir uma raiva por estar ”tudo” fora da ordem, PARO!!!

Concentro-me então, procurando o que, verdadeiramente, me está a deixar nervosa, ansiosa, ou…o que quer que seja, que me está a fazer externalizar esse desconforto.

Na realidade, hoje sei que só cismo com essas coisas quando estou desequilibrada internamente, quando estou a cair da ‘bóia’, que me mantém estável naquele que é o meu perfil de personalidade dominante.

Procuro o que me está a perturbar e por vezes o que encontro é a dúvida, ou o medo – o medo do desconhecido, o medo de não estar à altura, o medo de que não gostem de mim, o medo de cometer erros no desempenho das minhas tarefas…em suma, o medo de não ser uma ‘boa menina’ , ou o medo de … ‘não ser perfeita‘!

Efectivamente quando o medo surge, surge na sequência de uma das nossas ”feridas de infância”,  (também chamada de ”ferida original’), que fizeram com que nos afastássemos da nossa essência (onde tudo era perfeito e nos sentíamos amados e seguros) e que começássemos a colocar as máscaras que fomos criando para nos protegermos. Quem se sente assustado é a nossa ”criança interior’.

Por outro lado, no caso do medo, ele diz: ”prepara-te!” – para algo que vai acontecer.

Então sei que tenho que mergulhar mais fundo dentro de mim e descobrir para o que terei que estar preparada, qual a melhor forma de o fazer, o que pode correr mal e como conseguirei contornar.

Descobrirei então o que me está a causar a ansiedade que estou a reflectir no ambiente que me rodeia, fazendo-me entrar no meu vício da personalidade de querer que ”tudo esteja perfeito em mim e à minha volta” e desejando ”apontar o dedo” aos que comigo vivem por ”saírem do padrão” (de perfeição !).

Hoje, quando isto acontece, tenho o cuidado de ”recolher o dedo” e apontá-lo para mim, perguntando: ”o que em ti está a originar esta reacção? Já sabes que o que se possa estar a passar, não é com ”eles”, mas contigo!

Migalhas na bancada?

Deixo-as estar e sorrio para elas, agradecendo por estarem a lembrar-me de que é o momento de ‘olhar para dentro’‘!

E assim, passinho a passinho, vou sentido e acolhendo a dor do meu crescimento e enfrentado as minhas dúvidas!