Prazer, Esse Território Inexplorado…
Do Outro Lado da Dor
Como diz o meu mestre e mentor Eduardo Torgal, ”não há transformação sem dúvida e sem dor”.
Eu acrescentaria ainda: ”não alcançará o prazer, se não se permitir experienciar o desconforto da dor”, ou, dizendo de outra forma, o prazer é o que poderá almejar depois de ultrapassada a dor de sair da sua zona de conforto.
Tal como uma criança que aprende a andar, terá que experimentar o desprazer das primeiras quedas, também o leitor se quer ir mais longe em algumas áreas de vida, terá que ultrapassar o medo do eventual insucesso.
Imagine que se encontra numa praia maravilhosa, num lindo dia de sol.
A areia branca e fina sob os seus pés aquece e convida a caminhar até à beira da água, límpida e transparente.
Continua a andar e um primeiro passo dentro de água permite-lhe perceber a diferença de temperatura, que lhe causa desconforto.
Pondera: ”avanço ou fico por aqui? Não sei se consigo suportar o arrefecimento brusco do corpo…”
Enquanto reflecte, o espelho de água calma e límpida à sua frente continua convidativo, como que a provocá-lo…
Decide arriscar e …mergulha de uma só vez!
Uma sensação de contracção invade-lhe de imediato o corpo. Ao primeiro contacto, é desagradável e estranha!
Uns momentos depois, sente-se invadir por uma sensação de frescura que, aos poucos, se vai apoderando dos seus sentidos…
A ausência de peso, permite-lhe abandonar-se ao prazer de flutuar e simplesmente…não pensar em nada, apenas… SER!!!!!
O fresco na sua cabeça, os ”picos” que sente no corpo, tudo isso lhe lembram a sensação de presença! Sente-se bem! Sente-se desperto. Sente-se… VIVO!!!!
Voltando ao aqui e agora…
Nada disso teria sido possível, se não se tivesse permitido a ousadia de ultrapassar a temida sensação de choque térmico inicial.
É assim na vida!
Muitas vezes, vivemos vidas ‘pequenas’, aquém de tudo aquilo que podemos ser, porque nos limitamos pelo medo de nos desafiarmos a ir além dos limites que impusemos a nós próprios.
Também é assim nos relacionamentos, em que muitas pessoas escolhem viver relações ‘mornas’, trocando a aventura, o êxtase, a descoberta de novas formas de amar, pela segurança daquilo que é conhecido.
Hipotecam assim o prazer de se sentirem vivos e despertos, pela rotina de chegar a casa, trocar os mesmos abraços, pronunciar as mesmas palavras e visionar os mesmos programas na TV.
Dizem os especialistas, que a vida é para ser vivida de uma forma alegre e descontraída e que o que dela levamos são as experiências, os risos, as alegrias, pois tudo o resto, fica!
Outra coisa que as pessoas costumam esquecer é que NÃO somos eternos e tudo aquilo que adiamos para viver num amanhã incerto, que pode nunca chegar, não passam de uma sucessão de ”e ses…” de que se irão provavelmente arrepender no final das suas vidas.
Uma mulher para ser mãe, terá que estar disposta a sentir o desconforto de 9 meses de gravidez e aceitar superar o medo que um parto natural poderá representar.
Um maratonista para se preparar, terá que estar disposto a cumprir todos os treinos necessários, quer faça chuva ou sol.
Para ter o prazer de sentir um orgasmo, terá que estar disposto a passar pelo limiar ”dor-prazer” que sentirá nos instantes imediatamente antes do clímax.
É assim para tudo na vida: o prazer, encontra-se do outro lado da dor que lhe permite ultrapassar os seus maiores receios, que com frequência, existem apenas na sua imaginação e são fruto dos limites que se auto-impôs!
E você, de quantos ”e ses” está disposto a arrepender-se no final da sua vida?!
Lembre-se a nossa passagem por este belo planeta é efémera e é suposto ser levada com leveza e prazer, saboreando cada momento…sem medos, ou melhor, superando e desafiando os medos!!!!
Atreva-se!
”Everything you have ever wanted is sitting on the other side of fear” – George Adair